A Síndrome da Úlcera Gástrica em Equinos (SUGE) afeta cerca de 93% dos cavalos de corrida e 60% dos cavalos que participam de algum outro tipo de competições como saltos e dressage . Em um estudo feito com 187 potros e cavalos adultos, 92% de cavalos com sintomatologia de desconforto abdominal, falta de apetite, má condição física ou perda de peso e/ ou diarreia estavam infectados pela síndrome. No mesmo estudo, 52% dos cavalos que não apresentavam qualquer sintomatologia estavam de igual modo infectado.
Até pouco tempo existiam poucas investigações sobre o problema e os veterinários quase não tinham material científico que os guiasse no diagnóstico e controle da situação. Aliado ao fato que poucos endoscópios têm o comprimento suficiente (3 metros) para se visualizar o estômago de um cavalo. Recomenda-se que não se deixe passar despercebidos os sinais clínicos, quando eles existem, pois em muitas situações as úlceras estomacais são totalmente assintomáticas.
A SUGE abrange um aspecto de gravidade que vai desde um epitélio estomacal inflamado, mas intacto, às crateras hiperémicas ou necróticas da mucosa do estômago passando por zonas hemorrágicas múltiplas.
A Universidade da Florida (EUA) apresentou um trabalho em que se demonstrou que dos 500 potros autopsiados durante um período de 4 anos, 25% apresentavam úlceras gástricas, independentemente da sua raça ou sexo. A maioria destas úlceras foi encontrada em potros com menos de 50 dias de vida e podem estar associadas à imaturidade do tecido epitelial gástrico.
A SUGE ocorre quando os fatores agressivos (mas que são necessários para a digestão dos alimentos) do suco gástrico, como o ácido clorídrico e as enzimas digestivas conseguem vencer os fatores de proteção da mucosa gástrica. Os cavalos evoluíram como secretores contínuos de ácido.
Os cavalos produzem ácido clorídrico, alimentando-se ou não, o que faz com que os cavalos em pastagem ou que tenham acesso permanente a feno praticamente não sejam afetados pela síndrome. Nos cavalos que vivem em estábulos e são alimentados intermitentemente o nível de ácido no estômago sobe e as úlceras aparecem rapidamente. A utilização de analgésicos e anti- inflamatórios tais como a fenilbutazona, outros anti-inflamatórios não esteroides e mesmo dos corticosteroides (inibição da síntese de prostaglandinas e concomitante vasoconstrição da mucosa) faz com que o aparecimento da SUGE seja uma certeza.
O terceiro fator que eleva a porcentagem do aparecimento de úlceras gástricas é a própria competição e os transportes. O stress biológico causado pelos treinos intensivos e pela competição faz com que ocorra uma chamada de sangue aos membros e músculos esqueléticos com uma depleção sanguínea concomitante dos órgãos internos (incluindo o estômago) e que resulta numa diminuição dos fatores protetores da mucosa, desnudando-a e permitindo que nesses momentos de stress e de estômago vazio o ácido clorídrico provoque danos na mucosa.
Os sintomas típicos da SUGE em cavalos adultos são: cólica, falta de apetite, má condição física, pelo sem brilho, má desempenho em competição, alterações comportamentais e resposta positiva a medicação antiulcerativa. Em potros: crescimento atrasado, pelo sem brilho, abdômen dilatado, diarreia, cólica, salivação exagerada e resposta positiva a medicação antiulcerativa.
Como medida preventiva no aparecimento da SUGE uma adequação no manejo dos cavalos que ficam em estábulos (principalmente os de competição), deve-se dá prioridade a oferta permanente de feno ao cavalo.
Fonte: Cavalo do Sul de Minas
Autor: Dr. Carlos Rosa Santos
Adaptação: Escola do Cavalo
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