A arterite viral equina é uma enfermidade infecciosa causada pela ação de um RNA vírus do gênero Arterivirus, membro da família arteriviridae e se manifesta clinicamente por uma infecção aguda das vias respiratórias superiores e por aborto em éguas, caracterizando-se por lesões específicas nas pequenas artérias, uma vez que o sistema vascular é o principal alvo.
Apesar de o vírus ter sido identificado na Europa, em 1953, a maior parte das informações vem dos Estados Unidos, onde a ocorrência é principalmente em raças puras, com baixos níveis em cavalos mestiços. Normalmente o surto ocorre em haras de criação. Levantamentos epidemiológicos têm demonstrado a ocorrência da infecção de equinos pelo vírus da arterite em países da América do Norte, Europa, África ou em regiões bem definidas como na Austrália, Nova Zelândia e Oriente Médio. Descrições de surtos epizoóticos foram feitas em poucos países, podendo destacar aqueles caracterizados no Canadá, nos Estados Unidos, na Polônia e na Inglaterra.
No Brasil, o primeiro surto de arterite viral equina ocorreu no Município de Ibiúna, Estado de São Paulo, numa propriedade de criação de animais da raça Mangalarga Paulista, onde foi observado abortamento em uma égua que estava no 5º mês de gestação. Outros onze animais apresentaram corrimento nasal e ocular, blefaroedema, alguns deles com edema de ventre e membros, além de orquite em dois machos que compunham o grupo.
Transmissão:
Equinos de todas as idades são suscetíveis a contrair a arterite viral. Sua ocorrência acomete potros desde o desmame até um ou dois anos de idade, manifestando-se, sobretudo, de forma mais grave em cavalos adultos. Tem ocorrido em áreas onde há uma alta concentração de animais, pois a doença se dissemina rapidamente num grupo de equinos suscetíveis e, apesar da evolução curta, um surto pode persistir por diversas semanas.
A transmissão pode ocorrer de forma venérea ou respiratória, além do contato com fetos abortados e placenta. No entanto, a infecção se instala com maior frequência através das vias respiratórias, por aerossol, por via oral, por fômites, água e alimentos contaminados por secreções e excreções dos enfermos, e pelo contato direto com equinos infectados. Os líquidos e tecidos de fetos abortados constituem perigosa fonte de infecção, pois contém grande quantidade de vírus, justificando os cuidados que se deve ter após qualquer aborto até que o diagnóstico sorológico do mesmo seja realizado. O vírus também é eliminado na urina e no sêmen. Garanhões infectados pelo vírus da arterite são capazes de infectar as éguas durante a cobertura.
Sintomas:
As manifestações clínicas da enfermidade observadas em casos de infecção natural por este vírus apresentam uma variada combinação dos seguintes sintomas: febre de até 41°C; apatia, depressão e anorexia; leucopenia; edema da porção distal dos membros, principalmente dos posteriores; secreção ocular e nasal; conjuntivite e rinite; edema da região periorbital ou supraorbital; edema do escroto e do prepúcio dos garanhões e de glândula mamária das éguas; e abortamento em éguas no terço final da gestação.
O período de incubação da doença é de 2 até 10 dias, as manifestações clínicas da enfermidade observadas em casos de infecção natural por este vírus apresentam uma variada combinação dos seguintes sintomas: febre de até 41°C; quando o vírus está presente no sangue e pode ser transmitido a equinos suscetíveis, apatia, anorexia; leucopenia, edema palpebral e da porção distal dos membros, principalmente dos posteriores; secreção ocular e nasal; conjuntivite e rinite; edema da região periorbital ou supraorbital; edema do escroto e do prepúcio dos garanhões e de glândula mamária das éguas.
A doença é aguda e grave, podendo ocorrer mortes sem invasão bacteriana secundária e a evolução dos casos não fatais, em geral, vai de 3 a 8 dias. O aborto ocorre dentro de poucos dias do início da doença clínica (cerca de 7 a 14 dias), diferente dos abortos muito mais tardios que ocorrem na rinopneumonite viral equina. Em éguas gestantes o risco de aborto é de 40 a 80%. Muito embora a morbidade possa ser alta, a letalidade é muito pequena, só ocorrendo nos casos mais graves devido à desidratação, ou ao edema pulmonar com possível hidrotórax.
Diagnóstico:
O diagnóstico se baseia nos sinais clínicos, onde se verifica doença respiratória e os abortos precoces ajudam a fundamentar a suspeita. Para detectar anticorpos específicos contra o vírus da arterite equina, utiliza-se a técnica de soroneutralização em microplacas.
O diagnostico da infecção aguda pode ser feito através do isolamento viral. O vírus pode ser isolado a partir dos pulmões e baço de fetos abortados e do baço de animais mortos, porém não há corpúsculos de inclusão nem lesões específicas no feto. Alguns autores dizem que o vírus pode ser isolado na urina e sêmen de animais infectados. Isola-se também a partir de células de swabs de mucosa nasal ou conjuntival. As lesões não são comuns em fetos abortados e, se presentes, são suaves, e não frequentemente detectáveis na placenta fetal.
Como diagnóstico diferencial, pode ser citada a púrpura hemorrágica, linfangite fúngica ou bacteriana, pênfigo foliáceo e outros distúrbios sistêmicos em que o edema subcutâneo pode ser proeminente. Influenza e Rinopneumonite também devem ser incluídas no diagnóstico diferencial.
A doença é uma causa significativa de aborto em éguas e pode apresentar um dilema diagnóstico se os sinais respiratórios forem mínimos. A leptospirose também pode apresentar um quadro clínico um pouco semelhante.
Tratamento e prevenção:
O tratamento é sintomático e restringe-se a impedir infecções bacterianas secundárias com o uso de tetraciclinas a 10-20 mg/kg durante 7 a 10 dias por via intramuscular, ou por via oral 50-100 mg por litro de água, ou misturada à ração, quando são muitos os animais a serem tratados. A hidratação deve ser feita pela via intravenosa utilizando-se fluidoterapia.
Geralmente o problema se resolve em duas semanas. Os animais devem ficar em repouso, sobre estrita vigilância, e os casos mais graves devem ser mantidos em baias arejadas, livres de correntes de ar com cama alta e macia.
Em outros países há a possibilidade de realizar a profilaxia pela vacinação, onde uma rápida imunização pode ser observada após a vacinação. Evitar doenças infecciosas nos equinos requer, além de um bom programa de vacinação, isolamento de todos os equinos que chegam (quarentena) para observação e controle de endo e ecto parasitas.
Na ocorrência de qualquer tipo de surto, os equinos saudáveis que mantiverem contato com os doentes devem ser considerados fontes potenciais de doença. Como forma de minimizar a disseminação da doença, nenhum equino deve ser transferido para outro rancho, hípica, sítio ou mesmo a outro lugar na mesma fazenda.
Fonte: Cenário Pfizer
Adaptação: Escola do Cavalo
Conheça o Curso de Primeiros Socorros em Equinos
Veja outras publicações da Escola do Cavalo:
Saiba como escolher a raça de cavalo ideal para você
Você sabe o que é Trypanosoma Evansi em equinos?
Surto de gripe equina no Distrito Federal