Equinos – distúrbios de comportamento

A imagem dos equinos, em outros tempos, muito mais ligada ao homem por suas necessidades de trabalho, hoje se adapta com incrível facilidade aos diversos ambientes e situações impostas pelo ser humano, como esportes e lazer, principalmente, em países desenvolvidos, conferindo, inclusive, status e ostentação ao seu dono. Isto deve permanecer or longo tempo.

Os equinos se submetem aos caprichos do homem, alterando seu habitat e modo de viver, a ponto de alterar sue próprio comportamento, gerando-lhes distúrbios comportamentais, muitas vezes, irreversíveis.

Estas modificações podem ocorrer por causas psicológicas, fisiológicas e como consequência da seleção genética. O comportamento de um animal é determinado pelas particularidades de construção do seu organismo e está intimamente relacionado com a capacidade funcional do sistema nervoso central, dos órgãos sensoriais, das glândulas endócrinas, do aparelho locomotor e do sistema digestivo.

O desempenho dos diversos sistemas e com isto as peculiaridades comportamentais ligadas à espécie são determinados em grande parte geneticamente, mas podem ser modificados até certo grau pelo meio ambiente.

O cavalo sempre foi um animal gregário, vivendo em comunidades. Se separado do seu grupo, forçado a se comportar como indivíduo sem um líder, perde a referência. A presença do líder é fundamental. O temperamento equino não está associado à tomada de decisões e ações por vontade própria. Quando forçado a tomar decisões, isto acontece de forma desfavorável e prejudicial à sua sobrevivência. Ao ser obrigado a viver sozinho, em baias, ou em pequenos piquetes, sem outros animais da mesma espécie, o equino toma como referencial e líder o homem mais próximo, aquele que o alimenta, que o treina e determina como deve agir. Os problemas de comportamento mais comumente encontrados nos equinos podem ser divididos em três categorias: vícios, agressividade e distúrbios sexuais, os dois primeiros ocorrendo principalmente em animais estabulados e o terceiro por causas que são, na sua maioria, independentes do sistema de criação.

O sacudir lateral da cabeça é um comportamento natural para defender-se contra insetos irritantes. Entretanto, pode se tornar um vício quando manifestado durante a colocação de cabresto ou cabeçada, ou surge repetidamente durante um trabalho. O sacudir vertical da cabeça é um movimento geralmente executado enquanto sozinho na cocheira, num estado de sonolência. Ambos os problemas podem ser causados por afecções de ouvido ou da área nasal.

O bater ou arranhar repetido, com os membros anteriores leva ao desgaste desigual das ferraduras ou dos cascos, bem como o desnivelamento do piso do box. Este hábito se manifesta em: animais confinados, durante a antecipação da alimentação ou de outra atividade, durante viagens em trailler ou caminhão. Casos extremos podem ser prevenidos pela colocação de peias, o que no entanto é um recurso que deve ser empregado por pessoas experientes, para evitar acidentes.

O cavalo empina, atirando-se bruscamente para trás e cai de costas ou de flanco. Recomenda-se o emprego da gamarra para corrigi-lo, o que nem sempre dáresultado. Adota-se também a prática de fazê-lo bolear repetidas vezes à beira de um rio, açude ou lagoa de relativa profundidade. Dessa forma, as orelhas do animal enchem de água o que o faz adquirir um reflexo de defesa, inibindo o boleio. É um vicio grave porque não raras vezes o animal bate fortemente a cabeça no solo, produzindo fraturas que podem ser mortais.

Corcovear é o vicio de saltar repetida e desordenadamente, arqueando o dorso e abaixando a cabeça com o objetivo de derrubar o cavaleiro. Pode ser um comportamento de defesa quando o cavalo é sensível a cócegas, cruelmente cutucado por esporar ou ferido por corpos estranhos.

A agressividade é um dos problemas de comportamento mais frequentes nos equinos. Sua

grande importância se deve aos riscos de causar danos ao homem e a outros animais. As agressões ao homem podem ser resultado do medo ou da resistência, demonstrada através do sentimento de dominância sobre as pessoas. O cavalo estabulado, não tendo oportunidade de fugir, quando sente algum medo, age como agiria o cavalo selvagem em grandes áreas, isso é, para sua autodefesa, torna-se agressor. Os equinos podem sofrer também de claustrofobia natural, pois, como são uma espécie que tem o meio ambiente natural composto por grandes áreas, quando presos em baías podem se tornar agressivos ao sentirem pânico. Alguns animais são agressivos somente em certas situações, como quando estão comendo, durante o estro (cio), no manuseio da cabeça ou membros, na baia ou quando são capturados no pasto. A agressão pode ocorrer com pessoas ou com animais, porém a agressividade entre equinos é normalmente resultado da disputa de dominância, que determina qual animal será o primeiro a ter acesso ao alimento ou qual irá guiar o rebanho. Para que seja possível o controle da agressividade faz-se necessário que seja diagnosticada a causa do comportamento e o tipo de agressão. A punição, às vezes, pode ser utilizada nos primeiros momentos, após atitude incorreta. Porém, não se deve exceder, pois se mal aplicada, leva ao aumento da agressividade. Por outro lado, as recompensas são de muita eficácia, principalmente em casos mais leves de agressão, ou quando alternadas com uma leve punição. A melhor recompensa para o equino é o alimento. Para animais mais agressivos, um tratamento mais drástico pode ser aplicado, colocando-os em baías escuras, sem alimento. 0 animal passa a receber luz e alimento das mãos de uma única pessoa, aumentando a oferta de luz e alimento na medida em que for se acalmando. A presença de outro equino, durante o tratamento, pode ajudar.

Além do componente genético, as alterações de comportamento dos equinos podem ocorrer por causas diversas como estresse, transporte e, principalmente, pela influência do ser humano. As mais prejudiciais à saúde do equino estabulado são agressividade, hábito de morder madeira, coprofagia e aerofagia. Os vícios de estábulo devem ser prevenidos através do manejo adequado. Exercícios diários, convivência em grupo, dietas corretamente balanceadas e fornecidas são medidas que visam à redução da ociosidade, solidão e possíveis deficiências nutricionais dos equinos, sendo que as dietas oferecidas com menor proporção de concentrado e o volumoso fornecido na forma “in natura” (verde, não muito picado) são indicadas.

 

Fonte: Cavalo do Sul de Minas

Adaptação: Escola do Cavalo

 

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