Os equinos podem apresentar diversas anormalidades que podem comprometer sua qualidade de vida. Contudo, as desordens gastrointestinais em potros representam problemas sérios a esses animais, exigindo preparo dos criadores, veterinários e profissionais da área. Dessa forma, é necessário estar atento para reconhecê-las e procurar o tratamento adequado o mais rápido possível.
Se interessou pelo assunto? Siga a leitura a seguir e saiba quais são as principais desordens gastrointestinais em potros!
Diarreias
São as principais anormalidades gastrointestinais encontradas nos equinos mais jovens, atingindo a maior parte desses animais durante os seis primeiros meses de vida.
Nesse quadro, vários fatores podem contribuir para que essa desordem acometa os potros. Alterações da microbiota intestinal, intolerâncias e infecções são as causas mais comuns. Sobre essas últimas, os principais agentes bacterianos causadores dessa anormalidade são Rodhococcus sp e os Clostrídios, enquanto o Rotavírus e o Coronavírus são os agentes virais mais comuns. Além dessas causas, situações como manejo inadequado, aglomeração dos haras e excesso de chuvas podem facilitar a ocorrência dessas desordens gastrointestinais em potros.
Rotavírus
Por ainda não possuírem um sistema imunológico totalmente desenvolvido, os animais neonatos estão mais suscetíveis à ação de patógenos como os vírus.
As diarréias causadas por esse agente são comuns a potros de até seis meses de vida, e podem acometer esses animais por diversas formas, tais como aglomerações e manejo insuficiente. Dessa forma, além da diarréia, os animais que contraíram a doença por meio do Rotavírus apresentarão febre, desidratação, timpanismo e sofrerão com dores e com um funcionamento deficiente do intestino
O tratamento dessa anormalidade é por meio do combate à desidratação. O potro acometido deve ser isolado e mantido em constante vigilância.
Salmonelose
Uma das manifestações bacterianas mais comuns dessas desordens gastrointestinais em potros é a salmonelose. Essa doença pode ser reconhecida por alguns sinais clínicos: infecções, febre, depressão, nível anormal de neutrófilos, inflamação no trato digestivo e septicemia, podendo, até mesmo, levar o animal à morte.
Um dos exames solicitados para diagnosticar a salmonelose é o leucograma, que mostrará possíveis alterações quanto ao número de leucócitos. Assim, depois de diagnosticada, o tratamento dessa doença também é feito por meio do combate à desidratação, somado ao monitoramento das inflamações.
Parasitose gastrintestinal
Confere um tipo raro de causa de diarreia. Animais que são diagnosticados com a parasitose geralmente contraem essa variedade por meio da ingestão de leite contaminado. Assim, administrar medicamentos específicos à égua nos últimos dias de gestação é uma forma de combater essa doença. Contudo, o animal também pode contrair a parasitose pelo contato direto com a larva, que penetra a pele do potro.
Com o avanço do quadro, o neonato acometido poderá apresentar leucocitose, cólicas, número anormal de glóbulos brancos e baixa concentração corporal de albumina.
O exame feito para se comprovar a parasitose gastrintestinal é o de flutuação fecal, que deve ser feito por profissionais capacitados.
Diarreia do cio do potro
Outra manifestação dessa desordem é a diarreia do cio do potro. Essa anormalidade ainda tem suas causas discutidas, mas acredita-se que esse tipo de diarreia ocorre em decorrência do cio da égua e de mudanças na composição do leite que é oferecido aos animais neonatos.
Úlceras gastroduodenais
As úlceras gastroduodenais costumam ser observadas em potros de até quatro meses de idade que ainda se alimentam de leite materno. As causas de seu aparecimento estão relacionadas ao uso de medicamentos antiinflamatórios e a situações de estresse.
Os animais acometidos por essa desordem podem apresentar um quadro clínico de diarreia, dor abdominal (que pode se agravar após a amamentação), refluxo gástrico e febre.
Analisando os sinais clínicos e as causas dessa anormalidade, é imprescindível tratar das úlceras o quanto antes, por meio do equilíbrio da acidez gástrica, do tratamento contra a dor e pelo estímulo à cicatrização dos locais acometidos. Em alguns casos, são recomendadas cirurgias para remoção de parte do tecido atingido pelas úlceras.
Retenção do Mecônio
O mecônio é o nome dado às primeiras fezes evacuadas pelos animais neonatos, após a ingestão do colostro. Assim, a retenção desses dejetos é uma das desordens gastrointestinais em potros mais comuns.
Como causa principal para a ocorrência dessa anormalidade é a não administração do colostro ao animal recém-nascido, mas existem outras situações que contribuem para que o potro seja afetado, tais como má formação no sistema digestório ou estreitamento pélvico, nos machos.
O quadro clínico de retenção do mecônio pode ser diagnosticado pela dificuldade que o potro apresenta em defecar, esforço identificado pelo arqueamento de seu dorso. Assim, com o avanço da desordem, o animal acometido poderá apresentar micção frequente, distensão do abdômen, alterações nas mucosas e taquicardia.
O tratamento dessa desordem se dá pela realização de um enema, com o objetivo de retirar a massa de fezes que causou o quadro clínico observado.
Obstrução intestinal com estrangulamento vascular
São anormalidades mais comuns em animais de dois a quatro meses de idade. Essa é a fase de vida dos neonatos que contempla o aperfeiçoamento do intestino grosso e mudanças no plano alimentar desses animais.
Essa é uma das desordens gastrointestinais em potros que devem ser reconhecidas e diagnosticadas o mais rápido possível para não comprometer a saúde e qualidade de vida desses animais. Assim, alguns dos sinais clínicos observados são ruídos intestinais intensos, fraqueza e pode apresentar refluxo gástrico. Com o avanço do quadro, o potro acometido também poderá sofrer com uma distensão gástrica.
A obstrução intestinal é uma desordem tratada unicamente com intervenções cirúrgicas, por meio de uma celiotomia, com o objetivo de ressecar o trecho intestinal que foi lesado.
É evidente que alguns cuidados são necessários para que não sejam observadas desordens gastrointestinais em potros. Contudo, caso algum animal seja acometido, é preciso que o criador ou veterinário esteja preparado para reconhecer a doença e indicar o melhor tratamento para cada caso em particular, a fim de garantir a saúde e a qualidade de vida desses animais neonatos. Para isso, o profissional deve estar devidamente capacitado para lidar com essas situações.
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Fonte: RIZZONI, L. e MIYAUCHI, T. (UNIFENAS), MELO, U., FERREIRA, C. e PALHARES, M. (Ciência Animal Brasileira), TECSA Equinocultura, ZOBIER, T. (UnB)