A nutrição é um fator muito importante na criação de cavalos. Esse fator, muitas vezes subestimado pelos criadores, é de suma importância para a saúde e desenvolvimento dessa espécie. Quando pensamos na reprodução, o sucesso das técnicas começa no preparo das éguas e, uma etapa muito importante, é pensar a alimentação para éguas prenhes.
Como bom criador sabe, o manejo do potro começa na barriga da mãe. Principalmente no período final da gestação, a falta dos nutrientes corretos pode comprometer a prenhez e a saúde da fêmea e do potro. Isso se dá, porque sem a alimentação adequada, o organismo da égua consome suas reservas, fazendo com que o animal perca em escore corporal e o potro não se desenvolva corretamente.
Pensando na importância da alimentação adequada para éguas em gestação, neste artigo vamos tratar do que constitui essa alimentação, além de outras dicas de cuidados para éguas nessa condição. Boa leitura!
A alimentação para éguas prenhes
Para pensar a alimentação para éguas prenhes, é preciso compreender como o corpo dessas fêmeas funcionam durante esse período. Assim, para ter uma gestação saudável, as éguas devem ganhar entre 13% e 18% de peso até o final da gestação, sendo esse ganho distribuído da seguinte maneira:
- 3% a 5% – Primeira fase da gestação (até oitavo mês);
- 10% a 13% – Fase final da gestação (terço final).
Pensando nessa distribuição, ainda podemos considerar os nutrientes mais exigidos pelo organismo das éguas de acordo com o momento gestacional:
- Início da gestação: necessidades nutricionais poucos superiores às exigências de manutenção do animal;
- Final da gestação: as necessidades de proteínas são especialmente superiores nesse momento;
- Início da lactação: as demandas proteica e energética da fêmea são acentuadas;
- Final da lactação: os nutrientes exigidos voltam ao cenário inicial da gestação, sendo pouco maiores que os regulares do animal.
Vale ressaltar que as vitaminas e minerais são exigências nutricionais constantes durante todo o período, seja gestacional ou de lactação da égua. Oferecer tais nutrientes de forma correta tem impacto direto no produto, já que ambos são essenciais para a formação óssea do potro. Já nos últimos 3 e 4 meses de gestação e início de lactação, como falamos, é importante que o animal receba um pouco mais de proteína que o normal, para compensar a perda de apetite antes do parto, uma vez que o nutriente é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do potro e garantia de qualidade na produção do leite. Uma dieta adicionada com alfafa e ração rica em minerais, proteínas, bem como o aumento da quantidade de sal, pode fazer a diferença nestes períodos.
É importante destacar que, o proprietário que deseja manter a égua à pasto durante a gestação, não terá situações de impedimento gestacional, de parto ou de desenvolvimento do potro. Porém, sem a suplementação correta, o potro não atingirá todo o seu potencial genético e, portanto, seu desenvolvimento será abaixo do esperado com o cruzamento.
Apesar do reforço constante da importância de se atingir a exigência nutricional das fêmeas gestantes, é importante dizer que exagerar na oferta também representa um problema, principalmente no final da gestação. Na alimentação para éguas prenhes, essa oferta excessiva no terço final da gestação causa excesso de peso, dificuldades no parto, produto frágil, queda na produção de leite e prejuízo reprodutivo.
Assim, em resumo, um quadro ideal para a alimentação das éguas prenhes é:
- Do primeiro ao oitavo mês de gestação: nesse período, a fêmea precisa em média de 1,4% a 1,7% de matéria seca, considerando o peso do animal. No geral, volumoso de qualidade comprovada, água abundante e fresca, suplementação mineral adequada e concentrado na medida certa são fundamentais nesse período;
- Do nono ao décimo primeiro mês: durante esse período, a prioridade é da alimentação fetal já que todo seu potencial de desenvolvimento é definido nesse momento. Assim, a alimentação para éguas prenhes em período final de gestação deve conter reserva corpórea suficiente para suportar o desenvolvimento do potro e a produção de leite. Sendo assim, deve-se oferecer um concentrado com proteína de 15 a 16% e energia (extrato etéreo) de 3 a 5%, considerando o volumoso utilizado.
Cuidados com éguas em gestação
Garanta as condições de saúde da fêmea
Durante o período gestacional, além de diferenciar a alimentação para éguas prenhes, é preciso que os responsáveis pelo cuidado desse animal levem em conta outros cuidados que são importantes para esse momento. Primeiramente, é preciso que o proprietário tenha em mente a saúde da égua antes da cobertura.
Garantir que a fêmea esteja em boas condições, saudável, sem estresse e bem alimentada é o primeiro cuidado para uma gestação tranquila. Para ter certeza que a égua está em condições de gestar o potro, buscar uma análise veterinária clínica e reprodutiva é uma boa dica para proprietários que desejam se preparar para a estação de monta.
Pensando na alimentação, a falta de nutrientes adequados pode resultar em cios não férteis, não fixação do embrião no útero, entre outros problemas na gestação. Quando o animal é mal nutrido por períodos extensos, há uma maior predisposição a infecções que comprometem a fertilidade da égua. Isso ainda resulta no nascimento de potros fracos, prematuros, pouco resistentes ou até mesmo em abortos.
Quando se trata de éguas prenhas, ou seja, que já estão com a gestação em andamento, o primeiro ponto de alerta é prestar maior atenção à partir do sétimo mês. Caso não se tenha certeza do período gestacional, é importante que um veterinário faça os exames de acompanhamento do desenvolvimento embrionário, estime o período de gestação e auxilie o responsável a adequar as práticas de manejo e cuidado. Isso é importante porque, é no período final da gestação que ocorre o desenvolvimento muscular e ósseo do potro.
Evite ao máximo o estresse do animal
Para além da alimentação para éguas prenhas, principalmente após o sétimo mês,o estresse é um fator muito decisivo. É primordial que os envolvidos nos cuidados evitam ao máximo que o animal desenvolva qualquer tipo de estresse. Isso engloba questões de conforto térmico e ambiental e, principalmente, transporte.
Cabe aos proprietários evitar ao máximo carregar a égua em caminhões e reboques, ações que costumam ser extremamente estressantes para o cavalo. Em casos mais graves, o estresse pode ocasionar o aborto e, com isso, comprometer, mesmo que temporariamente, a fertilidade do animal.
Montaria, pode ou não pode?
Afinal, pode ou não montar a égua prenha? Muitos proprietários têm essa dúvida, e esse questionamento é válido. Mesmo que alguns profissionais não indiquem a montaria nesse período, muitos concordam que sim, ela pode ser montada desde que respeitadas algumas condições.
A montaria pode ser realizada até o sexto mês de gestação, desde que a égua esteja saudável nesse período. Após o sétimo mês de gestação, como já destacamos, o desenvolvimento do potro atinge um momento mais crítico e o recomendado é não montar mais o animal. Durante esse período final, montar na égua vai exigir do seu corpo ainda mais esforço, o que não é indicado já que ela está num momento de grande ganho de peso, focado no desenvolvimento do potro e formação de leite.
Além disso, do período da fecundação até o sexto mês, apenas exercícios leves são recomendados. Não deve éguas prenhas para cavalgadas longas, as montas devem ter no máximo uma hora, evitando a exaustão do animal e complicações na gestação.
A importância do acompanhamento veterinário
Além de tudo que engloba a alimentação para éguas prenhes, vimos como os cuidados podem ser específicos para esse momento. Principalmente, se levarmos em conta que essas ações e cuidados são influenciados pelo período gestacional em que a fêmea se encontra. Mas, como ter certeza dessa informação? É aí que o papel do veterinário começa.
Independentemente do objetivo da gestação ser, ou não, a aplicação de técnicas reprodutivas e melhoramento genético, o acompanhamento veterinário é fundamental. Afinal, ele vai indicar em qual período a égua se encontra, recomendação de alimentação e manejo, e, principalmente, identificação de problemas e complicações de forma precoce.
Não realizar o acompanhamento do desenvolvimento embrionário pode comprometer a saúde tanto de mãe quanto de potro. Por isso, é recomendado a escolha de um veterinário capacitado, com conhecimentos específicos da fêmea égua, seus ciclos e desenvolvimento de feto. Somente assim é possível assegurar com mais certeza uma gestação segura e um potro de alto padrão.
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Fontes: Nutritime, Canal Segredo dos Cavalos