Uma doença que atrapalha muito o rendimento dos cavalos, principalmente naqueles que precisam treinar para competições é a DIVA, ou doença inflamatória das Vias Aéreas. Os sintomas dessa doença, segundo o American Collegeof Internal Veterinary Medicine (Colégio Americano de Medicina Veterinária Interna) (Couëtilet al., 2007), são a diminuição do rendimento, ou dificuldade em treinar, tosse com ou sem quantidade excessiva de muco e inflamação não séptica (sem participação de bactérias) nas vias aéreas. Cavalos com sinais de infecção são excluídos desse diagnóstico e também aqueles com aumento do esforço respiratório em repouso.
A DIVA pode ocorrer em cavalos de qualquer idade, raça e atividade. As causas não são bem estabelecidas, mas considera-se que os fatores ambientais têm participação importante. O cavalo estabulado passa a respirar o ar com quantidades excessivas de poeira, contendo partículas tais como esporos de fungos e endotoxinas bacterianas. Estas partículas também estão presentes em altas concentrações, nos fenos e podem atingir mais facilmente os pulmões, quando o feno é colocado em grades altas, obrigando o cavalo a esticar o pescoço e deixando as vias aéreas expostas às partículas que serão inaladas.
Portanto, entende-se que a DIVA é doença do cavalo estabulado, apresentando seus efeitos, principalmente no cavalo atleta, por comprometer a capacidade funcional dos pulmões. Também é doença silenciosa, que pode se instalar ao longo de meses ou anos, com pouca manifestação inicial ou, muitas vezes, não percebida. O cavalo que tem dificuldade no treinamento ou o seu rendimento desportivo reduzido, assim como aqueles que, ocasionalmente, tossem, no início do trabalho, podem estar manifestando os primeiros sinais de DIVA.
A presença de maior quantidade de muco nas vias aéreas, resultante do processo inflamatório, é o que prejudica as trocas gasosas nos alvéolos pulmonares e diminui a capacidade de oxigenar o sangue. Nos cavalos de corrida, um estudo por Holcombe e cols. (2006) da Universidade de Michigan, EUA, demonstrou que os cavalos que apresentavam quantidades excessivas de muco traqueal tiveram menor desempenho, determinado pelas menores somas de prêmios ganhos. Estudo semelhante foi realizado em cavalos de salto e adestramento, na Europa, por Widmer e cols. (2009), observando-se que os cavalos com grande quantidade de secreção traqueal apresentavam menor disposição para o trabalho e competição.
Desta forma, é importante estar atento para os mínimos sinais de inflamação pulmonar que ocorre na DIVA, como a redução da capacidade de trabalho, a tosse, o corrimento nasal. O exame clínico deve ser realizado, mas será o diagnóstico complementar através da broncoscopia e também da avaliação citológica do lavado broncoalveolar, que confirmarão ou excluirão a presença de inflamação pulmonar. A broncoscopia é um exame ambulatorial realizado com mínimo desconforto e usualmente não requer sedação. O lavado broncoalveolar requer sedação, para a infusão de solução salina estéril no pulmão, sendo recolhida imediatamente para análise citológica em laboratório, mas igualmente não deixando qualquer problema para o cavalo, e sim propiciando diagnóstico e acompanhamento do resultado do tratamento.
Uma vez constatada a doença, pelo diagnóstico, o tratamento deverá ser iniciado através da combinação de melhorias ambientais, com a administração de medicamentos. Com relação ao ambiente, a limpeza das cocheiras (o gás amônia, proveniente da urina e presente em algumas baias mais sujas, prejudica os mecanismos de proteção das vias aéreas), a melhoria em ventilação e o hábito de molhar o feno antes de fornecer ao cavalo, protegem as vias aéreas de grandes concentrações de agentes agressores. Trabalhar o cavalo acometido, em locais e horários com menos poeira, também ajuda.
Com relação à medicação, varia conforme o profissional veterinário que atender o cavalo. Ácidos graxos ômega 3 minimizam as respostas inflamatórias de forma geral, e podem ser incluídos no tratamento da DIVA, assim como os antioxidantes. A inflamação, muitas vezes, será combatida com os corticosteroides. De qualquer forma, será o reconhecimento e diagnóstico precoce da doença, e uma melhora na condição ambiental, que resultarão em sucesso no tratamento da DIVA.
Autores: Bruna Dzyekanski e Pedro Vicente Michelotto Júnior-Curso de Medicina Veterinária e Mestrado em Ciência Animal da PUCPR
Fonte: Mundo dos Cavalos
Adaptação: Escola do Cavalo
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