O estudo aprofundado da cavidade oral, em especial dos dentes e do tecido periodontal, assim como do processo de mastigação, tem grande importância nos cavalos devido à modificação na dieta e característica da alimentação ocasionada pela domesticação e confinamento.
Pode-se afirmar que a maioria dos problemas relacionados à cavidade oral dos cavalos tem como agente etiológico, direta ou indiretamente, os homens.
Os humanos, ao restringirem o acesso livre às pastagens, acabam por reduzir as opções de escolha dos. A espécie equina é bastante seletiva na escolha dos alimentos graças aos lábios bastante móveis e sensíveis. Sem diferentes fontes de alimento, com diferentes consistências, as alterações do desgaste dentário surgem, assim como se altera a saúde do trato gastrintestinal e do estado nutricional do cavalo.
Alterações mais intensas do desgaste dentário acontecem pela restrição do tempo de mastigação. Quando em vida selvagem, o cavalo passa em torno de 60% de seu tempo pastando. Ao ser confinado em baias ou pequenos piquetes, este período é reduzido a 15% e diminui a quantidade de fibra da dieta com o fornecimento de concentrado. Os dentes, próprios para resistirem ao atrito intensivo da trituração de fibras, sofrem menor desgaste e crescem exageradamente.
Outra mudança na alimentação é o fornecimento da dieta em cochos. A diferença com relação à altura entre o pastejo mais baixo e o consumo do alimento no cocho mais alto, modifica o atrito entre os dentes pela influência nos movimentos caudo-rostrais da mandíbula.
Em situações de sedentarismo pelo confinamento em baias, diversas estereotipias são apresentadas pelos animais. Muitas delas levam ao desgaste incorreto e excessivo dos dentes incisivos, principalmente a aerofagia ou tique de apoio.
A exigência por precocidade e performance em idade tenra, enquanto modificações fisiológicas ainda estão por acontecer na dentição, como crescimento, desgaste e troca dentária, acabam por ocasionar situações de dor e desconforto.
Uma seleção de reprodutores, sem levar em consideração as características dentárias dos indivíduos, tem por conseqüência o favorecimento de deformidades congênitas ou predisposições a alterações adquiridas durante a vida de seus produtos.
Os cuidados dentários proporcionam maior conforto ao animal, maior aproveitamento dos alimentos, melhor performance e longevidade. Há aumento na eficiência da transformação dos custos da atividade em resultados, beneficiando todos os setores envolvidos na cadeia produtiva da equideocultura nacional.
Fonte: CPT Cursos Presenciais