Processos Alérgicos e a possível ligação com Disfunções da Motilidade Intestinal em Equinos

O conhecimento da relação entre um processo inflamatório e o processo adinâmico intestinal se torna dificultoso devido à falta de pesquisa direcionada. Ao se pesquisar uma possível ligação entre edema decorrente de um processo inflamatório e a disfunção do trato gastrointestinal (TGI) em literaturas distintas e já conhecidas, podemos encontrar uma inter-relação entre os fatores que podem comprometer a funcionalidade contrátil do intestino.

A motilidade intestinal é resultante de atividades coordenadas das camadas de músculos lisos do TGI. Essas atividades são moduladas por fatores locais, por reflexos neurais, por hormônios e pelo sistema nervoso central. A motilidade intestinal fisiológica, peristaltismo, depende da integração e inter-relação desses componentes moduladores.

A ineficácia ou ausência da motilidade em um segmento do TGI, denominado íleo adinâmico, pode ocasionar formação de refluxo enterogástrico, acúmulo de fluido intraluminal e distensão luminal, podendo estar associado à obstrução, duodenite/jejunite proximal, sepse, peritonite, dor e processos inflamatórios.

Equinos podem ser sensíveis a inúmeras substâncias quase sempre existentes no meio ambiente onde vivem.

Embora hipersensibilidades a picadas de insetos não possuam especificidade por idade ou sexo, algumas raças parecem estar predispostos a esta condição.

Hipersensibilidade pode ser classificada como uma reação excessiva, indesejável, produzida pelo sistema imune. A Hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática, podendo envolver pele, olhos, nasofaringe, tecidos broncopulmonares e trato gastrointestinal. A reação pode causar uma variedade de sintomas desde inconveniências mínimas até a morte. Este processo é mediado por IgE e seu componente primário celular é o mastócido ou basófilo.

Podemos correlacionar várias substâncias que possuem ação inibitória da atividade gastrointestinal como norepinefrina, a dopamina, a serotonina, óxido nítrico e a substância P. É importante dizer que a liberação de catecolaminas e ativação do sistema nervoso simpático tem efeito inibitório da contratilidade intestinal e ativação dos esfíncteres intestinais.

O uso de alguns fármacos também pode ocasionar uma inibição da moltilidade gastrointestinal, como por exemplo, opióides. Uma vez que há um influxo de cálcio (Ca++) dentro do músculo, a partir do retículo sarcoplasmático a contração de fibra muscular lisa pode começar. O cálcio vai se ligar a calmodulina. Esta ligação irá ativar a enzima miosina quinase de cadeia leve (MLCK), que vai fosforilar a miosina. Isso permitirá que a miosina realize ponte cruzada para se ligar ao filamento de actina e permitir o início da contração.

Em ratos pode-se verificar através de estudos direcionados que o edema intestinal diminui a atividade contrátil por meio da inibição da fosforilação da cadeia leve de miosina, enzima importante no mecanismo de contração muscular.

As disfunções gastrointestinais são entidades clínicas de grande importância e desafiantes em medicina equina. A intervenção precoce e adequada por profissional capacitado se torna imprescindível para a correção do quadro clínico instalado e recuperação do animal acometido.

Autor: Marcelo N. Rondon – CRMV-MS 4787 PNCEBT-MAPA 1678 Port. 2558/12

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