Congelamento de sêmen do epidídimo ajuda a preservar a genética de garanhões

O congelamento do sêmen dos garanhões é uma das técnicas mais relevantes para a preservação de genéticas importantes.

 A utilização de biotecnologias modernas como a congelação de sêmen tem sido de grande importância na disseminação e preservação do potencial genético de diferentes espécies.

A Biotecnologia da reprodução equina tem evoluído muito nas últimas décadas, tornando-se cada vez mais uma realidade na equideocultura nacional. Em muitas propriedades a utilização da Ultrassonografia, Inseminação Artificial e Transferência de Embriões são práticas rotineiras e muitos proprietários de equinos solicitam a congelação das amostras de epidídimo como a última alternativa de preservar a genética valiosa de alguns garanhões.

Atualmente, graças às pesquisas, o congelamento de sêmen de garanhões apresenta melhores resultados comparado há alguns anos atrás. Esta técnica é considerada hoje como um seguro biológico de garanhões valiosos, pois permite a difusão de certa genética mesmo após a morte deste animal. Pode ser realizada durante a vida do garanhão para posterior armazenamento e utilização após a sua morte.

Existem casos de morte súbita de alguns garanhões de alto valor genético e econômico, dos quais não se possuía nenhuma palheta de sêmen congelado.

Para estas situações, existe uma técnica após o óbito do animal pela qual os testículos são retirados e enviados a um laboratório especializado que irá realizar a coleta de sêmen direto dos testículos, mais especificamente da cauda do epidídimo para posterior criopreservação destes espermatozoides. O sêmen obtido do epidídimo de garanhões encontra-se apto a realizar a fertilização, o que torna possível o seu armazenamento para uso futuro.

Com a técnica é possível fazer a recuperação de espermatozoides coletados diretamente do epidídimo, após a morte do animal, é um procedimento importante para se obter reserva de material genético de animais domésticos e de espécies em extinção. A coleta de espermatozoides do epidídimo visa à recuperação de células espermáticas de garanhões de alto valor genético que forem a óbito, eutanasiados ou com processos obstrutivos que impossibilitem coleta de sêmen.

Para a realização desta técnica, é necessário que os testículos sejam retirados até no máximo 24 horas após o óbito. Assim que retirados, como em uma castração convencional, estes testículos devem ser armazenados em caixa de isopor com gelo e levados a um centro especializado em reprodução animal. Quanto antes retirado após a morte do animal, melhores serão os resultados.

Ao chegar ao laboratório, os testículos são lavados com solução de Ringer com Lactato caso os mesmos encontrem-se com resíduos de sangue. Em seguida os epidídimos são separados dos testículos, sendo isolados a cauda do epidídimo e o ducto deferente. Os espermatozoides podem ser obtidos através de duas técnicas: flutuação e fluxo retrógrado. Depois o sêmen é envasado em palhetas de 0,5 ml que são colocadas em uma geladeira para iniciar o processo de resfriamento. Estas palhetas passarão por vapor de nitrogênio e finalmente serão mergulhadas no nitrogênio líquido, onde poderão ser mantidas por tempo indeterminado. Esta é uma das diversas técnicas que existem para a congelação de espermatozoides da cauda do epidídimo. Outros métodos estudados também têm apresentado bons resultados.

Existe relato de que no final de 2009 um trabalho de criopreservação de sêmen da cauda do epidídimo de um garanhão, único exemplar da raça no Brasil, que passou por uma cólica muito forte, não resistindo e indo a óbito. Neste mesmo momento, seus testículos foram retirados e levados ao laboratório de reprodução da PUCPR. Foram obtidas 78 palhetas de sêmen congelado deste animal.

O uso da técnica gera preocupação em relação à qualidade do sêmen no momento do descongelamento e a sua utilização. No caso descrito acima, o sêmen pós-descongelamento apresentou uma qualidade muito boa, possibilitando continuar a produzir potros deste garanhão mesmo após a sua morte.

Neste caso em específico, uma égua da mesma raça, também único exemplar no Brasil, foi controlada por ultrassonografia até o momento da inseminação artificial. Oito dias após a inseminação, coletou-se um embrião de ótima qualidade, comprovando a fertilidade deste sêmen congelado da cauda do epidídimo, após a morte do animal.

Fonte: Mundo Equestre

Referência: Equipe do Grupo de Estudos em Reprodução Equina da PUCPR coordenado pelo Prof. Carlos Eduardo Camargo.

Adaptação: Escola do cavalo

 

 

Cursos de Inseminação Artificial em Éguas e Coleta, Avaliação e Criopreservação de Sêmen em Garanhão

 

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