Algumas recomendações para uma excelente temporada de monta

O médico veterinário Bruno F. Bonin apresenta abaixo algumas recomendações para que os proprietários e profissionais do cavalo Quarto de Milha tenha uma excelente temporada de monta.

O garanhão, antes de começar a estação de monta, deve ter seu sêmen coletado e avaliado por um médico veterinário, que, com poucos testes feitos em laboratório, pode prevenir muitos problemas com o seu reprodutor. Por exemplo, garanhões com boa fertilidade em monta natural, pode apresentar perda da qualidade do sêmen ao ser refrigerado ou transportado. O sêmen para ser comercializado deve cumprir alguns passos no momento que é coletado

Após boa higienização do pênis do animal e coleta, deve ser feita a avaliação deste ejaculado e diluí-lo com o extensor de sêmen, que é um meio cuja composição possui ingredientes que melhoram a qualidade dos espermatozoides. Esse procedimento permite que o sêmen esteja apto a ser transportado e suportar a refrigeração.

 A indicação é testar a qualidade do sêmen de cada cavalo com determinado extensor para verificar qual destes meios ele se adapta melhor. Um equipamento de boa qualidade como microscópio e placa aquecedora devem ser utilizados por um profissional capacitado para a verificação da porcentagem e motilidade progressiva do sêmen do garanhão após sua coleta, além da contagem deles.

Para garantir a qualidade no envio de doses esses dados são muito importantes. Para a comercialização do sêmen, é recomendado o envio de uma dose de 1 bilhão de espermatozoides viáveis por égua inseminada, dose com alta probabilidade de prenhez, desde que a égua esteja próxima da ovulação. Os materiais para manipulação e embalagem do sêmen, como seringas, sacos plásticos, etiquetas e extensores devem ser de excelente qualidade, assim como a caixa de transporte, optando pelo Equi-tainer ou isopores comerciais próprios para transporte de sêmen equino.

Para a realização da inseminação artificial a diluição do sêmen equino varia de 2:1 a 9:1 (extensor: sêmen). Essas diluições devem ser observadas pelo médico veterinário responsável pelo garanhão, respeitando a concentração de 25 a 50 milhões de espermatozoides por ml, com um volume total variando de 15 a 50 ml por dose, para que a qualidade do sêmen seja mantida mesmo quando refrigerado e transportado por 24 a 48 horas.

O garanhão utilizado comercialmente durante a estação de monta não deve ser utilizado para a rufiação de éguas. De acordo com Bruno estudos mostraram que garanhões submetidos à rufiação apre­sentam em seu ejaculado um aumento do volume do fluido seminal em até 100%, com diminuição na concentração total, chegando a perder até 1 bilhão de espermatozoides por ejaculado, o que não é favorável.

O médico veterinário e proprietário devem pré-determinar a rotina de coleta dos garanhões, respeitando o número de coletas por dia e sempre dar um dia de descanso para o animal. Este calendário deve ser informado a todos profissionais e proprietários que possuem cotas ou compraram coberturas deste animal, favorecendo assim a programação do manejo reprodutivo das reprodutoras que serão cobertas por ele.

Antes da estação de monta a recomendação para os proprietários das reprodutoras é que elas sejam examinadas por um médico veterinário que faça uma avaliação e programação de coberturas para suas éguas mais férteis, que são as maiores candidatas à inseminação artificial com sêmen refrigerado. É fundamental que essas reprodutoras estejam com boas condições corporais, com uma alimentação de qualidade, nutrindo-se à base de concentrado, pasto próprio para alimentação de equinos, água e sal mineral.

Como as éguas com idade superior a 16 anos são menos férteis que as mais jovens, estas podem ser enviadas para o garanhão e cobertas com sêmen a fresco, aumentando a taxa de prenhez.  Para aumentar a eficiência reprodutiva os proprietários devem ter conhecimento da necessidade de um maior manejo na propriedade e gastos com medicamentos e assistência especializada.

As reprodu­toras devem ser acompanhadas regularmente com a rufiação ou palpação retal com auxílio do ultrassom, quando utilizar sêmen refrigerado e transportado, para determinar o momento da inseminação horas antes da ovulação da égua.

Principalmente para os animais de corrida uma dica importante é o fornecimento de luz artificial para as reprodutoras doadoras de embrião ou vazias, pois ao estimular as éguas com 14 a 16 horas de luz/dia, contando a luz solar, estimula um ciclo repro­dutivo mais cedo, podendo cobri-la em agosto.

Antes da inseminação as doses de sêmen recebidas na propriedade devem ser analisadas para determinar a qualidade do sêmen que vai ser utilizado. Essa dose deve ser solicitada com antecedência no local que se encontra o garanhão.

O momento de maior índice de prenhez na inseminação artificial é de 12 horas até seis horas antes da ovulação. Lembrem-se de que não adianta uma boa dose de sêmen, uma boa técnica de inseminação, se a égua não estiver próxima à ovulação. Quando se trata de éguas mais velhas e subférteis, o tempo de inseminação e ovulação é o período mais crítico, deve-se trabalhar para que uma única inseminação poucas horas antes da ovulação seja feita. Isso vale também para sêmen com baixa qualidade em éguas férteis.

Na espécie equina o uso da inseminação artificial com sêmen refrigerado e transportado tem se tornado uma técnica mais popular, facilitando o manejo da criação, diminuindo doenças transmissíveis, diminuindo riscos de acidentes com viagem e a monta, aumentando a qualidade genética da criação nacional e diminuindo os custos da reprodução consideravelmente.

Para que seja feito o melhor trabalho e o objetivo seja atingido o correto é procurar sempre um médico veterinário para acompanhar os animais na propriedade ou envia-los para uma central de reprodução.

Fonte: Abqm

Autor: Bruno F. Bonin é médico veterinário, residente no Guilherme Gregolin Services Center.

Adaptação: Escola do Cavalo

 

 

 

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